O primeiro estudo detalhado do raro tubarão lanterna esplêndido (splendid lantern shark, Etmopterus splendidus) revela que ele não só brilha no escuro, mas seus efeitos de luz criam um “manto da invisibilidade” que o protege de predadores.
A pesquisa é também a primeira a documentar a presença do tubarão de forma cilíndrica em águas ao redor das ilhas Okinawa, no Japão. Anteriormente, foi confirmado que o tubarão existia apenas no Mar da China Oriental, ao largo de Taiwan, e nas águas ao sul do Japão.
Seu espetáculo de luz natural, produzido por órgãos emissores de luz chamados fotóforos, serve para várias funções. A capa da invisibilidade talvez seja a mais benéfica dessas funções, pois ajuda a proteger o tubarão pequeno.
“Os fotóforos substituem a luz do sol, que é absorvida pelo corpo do tubarão”, explica a cientista Julien Claes. “A silhueta do tubarão, portanto, desaparece quando vista de baixo”.
A pesquisadora e seus colegas coletaram e mantiveram três exemplares do tubarão lanterna em cativeiro.
As análises revelaram que cada um tinha nove zonas luminosas distintas. Algumas dessas zonas, como uma na barriga, contribuíam para o efeito “manto da invisibilidade”. Outras, ainda mais brilhantes, estavam presentes nos órgãos sexuais, nos flancos, na cauda e nas nadadeiras peitorais do tubarão.
Os pesquisadores suspeitam que essas zonas são provavelmente usadas durante adestramento e comunicação sexual. “Os tubarões usam fertilização interna, por isso a presença de fotóforos nos órgãos sexuais pode facilitar o acasalamento”, disse Claes. “Além disso, também pode ser um caminho para os tubarões sinalizarem que estão prontos para acasalar, ou que são candidatos melhores para a reprodução”.
Os cientistas acreditam que principalmente os nervos e hormônios controlam a luz, com pigmentos também se movendo em células como parte do processo.
Essa luminescência provavelmente evoluiu quando os tubarões lanterna colonizaram o fundo do mar durante o fim do Cretáceo, 65 a 75 milhões de anos atrás. O tubarão lanterna esplêndido, hoje, vive de 200 a 1.000 metros abaixo da superfície, áreas com níveis de luz extremamente baixos.
Anteriormente, a mesma equipe estudou outro membro desta família de tubarões, o lixinha da fundura (velvet belly lantern shark, Etmopterus spinax). Tanto este como o tubarão lanterna esplêndido têm zonas luminosas e outras características semelhantes.
É, portanto, provável que sua capacidade de brilhar evoluiu muito antes do seu clado (grupo de organismos originados de um único ancestral comum) dividir, pelo menos 31,55 milhões de anos atrás. É até possível que muitos outros animais marinhos pré-históricos pudessem brilhar no escuro.
“Infelizmente, o fenômeno da bioluminescência nos tecidos moles não deixa, ou deixa muito poucas, pistas fósseis”, disse Claes. “Por isso, é muito difícil estabelecer se animais pré-históricos eram luminosos, mas é provavelmente o caso, pelo menos no fundo do mar”.
Pelo menos 33 espécies existem nesta família de tubarão, entretanto, ainda há muito a ser descoberto sobre esses moradores das profundezas do oceano.
Sem comentários:
Enviar um comentário